Prof. Dr. Warwick Kerr, que faleceu no dia 15 de setembro, fez parte da história da ANCP
O falecimento de Warwick Estevam Kerr, professor aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), ocorrida no último dia 15 de setembro, em Ribeirão Preto (SP), causou tristeza e muita comoção.
O presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), Professor Raysildo Lôbo, lamentou a morte do amigo, que foi seu orientador no departamento de Genética do curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP), em 1971.
Kerr formou-se em Engenharia Agronômica pela Esalq em 1945 e tornou-se doutor em Genética Animal em abril de 1948. Entomologista e geneticista de renome internacional, é considerado o maior especialista em genética de abelhas do mundo. Um de seus trabalhos, amplamente divulgado em todo o mundo, foi a introdução no Brasil da abelha africana, em 1956. Ele também desenvolveu um novo tipo de espécie, denominada africanizada, mais dócil e grande produtora de mel.
Em 1968, Warwick Estevam Kerr, então chefe do departamento de Genética da USP, iniciou os trabalhos de análises estatísticas para o melhoramento genético do rebanho da raça Nelore, utilizando os dados da Fazenda Bonsucesso, de Guararapes (SP), de propriedade do criador Arnaldo Zancaner, pioneiro na seleção e aplicação de novas tecnologias na criação de bovinos, que o havia procurado para esse desafio.
Raysildo lembra que conheceu o professor e amigo em julho de 1971, em uma palestra na Faculdade de Medicina do Ceará. O conteúdo foi tão interessante que despertou a atenção do Dr. Eilson Góes de Oliveira, seu professor, que o incentivou a ir para Ribeirão Preto fazer o mestrado sob a orientação do doutor em genética. “Em dezembro, eu me mudei para cá, sendo recebido com muita cordialidade pelo Dr. Kerr, que cobriu minhas necessidades financeiras até que eu ingressasse na pós-graduação, o que aconteceu em julho de 1972. Quando fui pagá-lo pelo investimento financeiro, ele disse: que você faça o mesmo com seus futuros alunos”, conta.
Professor aposentado em 1992 pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Dr. Kerr foi o responsável por implantar o curso de pós-graduação de Genética e Bioquímica na Instituição, onde atuou até 2012, orientando dezenas de alunos. Também foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), de 1969 a 1973. Em 1990, tornou-se o primeiro brasileiro a pertencer à Academia de Ciência dos Estados Unidos.
A vida acadêmica do geneticista não parou por aí. Além da UFU e USP de Ribeirão Preto, ele atuou em diversas instituições de ensino e pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP), onde foi o primeiro diretor científico da entidade, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Além de toda a contribuição para a ciência brasileira, Dr. Kerr faz parte da própria história da ANCP, como orientador de seu presidente e os trabalhos de melhoramento genético da raça Nelore.
Para Raysildo, falar sobre o amigo é uma missão impossível em apenas um testemunho. Ele destaca que, com a ajuda do mestre, a vida dele e de outras pessoas foram transformadas. “Obrigado, Dr. Kerr. Seu legado será sempre lembrado por nós, Raysildo e Rita, pelos nossos filhos e netos, que tão bem conhecem esta história. Que Deus nos abençoe a continuar abençoando aos outros”, conclui.